Na Natureza Selvagem


NA NATUREZA SELVAGEM (Into the Wild, EUA, 2007) ****

Dirigido por Sean Penn. Com: Emile Hirsh, Marcia Gay Harden, William Hurt, Jena Malone, Brian Dierker, Catherine Keener, Vince Vaughn, Kristen Stewart, Hal Holbrook.

Christopher McCandless é um rapaz diferente dos outros. Não se submete aos "benefícios" do mundo capitalista. Como presente de formatura, pode ganhar um carro do pai, mas recusa. Cansado de sua vida e da falsidade no ambiente familiar, com os pais se suportando inutilmente, o rapaz se livra de todos os seus pertences, incluindo a poupança para estudos, queima a identidade (os militantes de "A Concepção" adorariam isso) e parte para uma viagem de descoberta. Percorre os Estados Unidos, evitando as grandes metrópoles, de cabo a rabo e de rabo a cabo, por dois anos, sem dar satisfações para ninguém. Cria outro nome, entra em contato com a natureza, conhece novas pessoas e percebe como a vida é dura. Baseia-se em uma história real, adaptado de um livro.

Dirigido pelo habilidoso Sean Penn, o ultra-naturalista "Na Natureza Selvagem" começa com rapaz tentando se estabelecer em algum lugar, no desértico Alasca, ao lado de um ônibus quebrado e muita vegetação. É com muito otimismo, através de um extenso "flashback", que ele relata seus passos até ali.

Um filme de estrada tem dificuldades para ser bom, ainda mais criticando o estilo de vida americano, coisa que muitos o fazem. Contudo, a jornada de descoberta do protagonista é também a descoberta do espectador, que se transporta para seu lugar. A belíssima fotografia de Eric Gautier ajuda a destacar os mais diversos cenários como uma extensão do personagem, não tornando a película um simples programa de turismo e aventura.

McCandless quer saber de seus limites e viver da ajuda ao próximo, sem depender do dinheiro. Lógico que, às vezes, ele se contradiz, tendo que descolar uns bicos para se sustentar, mas nada é permanente. Conhece pessoas dos mais variados sexos e idades, que poderiam formar uma nova família para ele. Contudo, mesmo criando raízes e afeições nos lugares em que passa, o rapaz sempre tem que partir. Sua natureza é itinerante, diferente da maioria das pessoas do mundo globalizado, que estudam ou trabalham, devendo se estabelecer em um local. Coincidentemente, seus novos amigos também têm uma vida cigana, mas a regra é ficar solitário ou encontrar novos mundos, sempre se renovando.

Eddie Vedder compõe a trilha sonora. Sua voz e melodia caem como uma luva para a melancolia que a película passa. O triste dedilhar num instrumento de cordas toca no fundo do coração de cada espectador, mesmo que ele não sendo fã de Pearl Jam, pela voz de seu líder.

O protagonista faz um caminho silencioso. Os sentimentos são descritos através da narração de seu diário, com letras expostas fortemente na tela, e lembranças de sua irmã (Malone), a única mais chegada a ele. Ao mesmo tempo, vê-se o sentimento de seus pais e o gradual conformismo com a partida do filho. Marcia Gay Harden e William Hurt constroem essa aflitiva e conflitiva parte.

Emile Hirsch, em seus últimos projetos, pediu sempre para que não gostassem de sua pessoa. Contudo, neste filme, seu ar jovem favorece totalmente o personagem, impetuoso e corajoso para abandonar o mundo que conhecia desde que nasceu, embora se visse como um estrangeiro nele. Com um bom trabalho de direção, o rapaz de "Show de Vizinha" melhora consideravelmente.

O que menos importa é se a viagem de McCandless dará certo. Os frutos colhidos nela é que terão validade. A crônica de destruição familiar se transforma lentamente na de (re)construção individual. Se a sociedade está doente, nada como o bucolismo e o desapego material para remediar.

Sean Penn faz mais um ótimo filme. Diferente de "A Promessa", esse é fácil de gostar. O desfecho é melhor ainda. Não vale contar, mas é tão bom quando o restante, só que diferente. Mesmo a natureza sendo obviamente selvagem, esta é uma história terrivelmente familiar. Poucos não sonharam em sair de casa quando brigavam com os pais. A viagem desse personagem é um sonho que deu relativamente certo, por mais utópico que possa parecer.

Critica retirada do Blog: Cinematoca





Um puta filme que demorou anos luz para chegar aqui em BH, o trailer já tava passando desde janeiro e só estreia no final de maio (mesmo assim para ficar apenas 2 semanas, é mole?). Mas mesmo assim acho que todos devem ir... é realmente aquele tipo de filme em que voce sai do cinema com a alma lavada... as emoções que se sente ao ve-lo são sinceras e profundas... além de que vale apena ouvir a trilha sonora interpretada pelo Eddie Veder

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