Homem Andando Na Neve



Homem Andando Na Neve, de Masahiro Kobayashi:

Nobuo Honma, produtor de saquê, tem 63 anos e mora com seu filho mais novo, Yasuo, a quem transmitiu sua profissão. Eles vivem em Hokkaido, onde a ausência de pessoas soma-se à presença constante da neve. Todo dia, Nobuo anda até um centro de criação de peixes nas montanhas, onde fica horas observando. O aniversário de dois anos de morte de sua esposa se aproxima e ele insiste numa reunião familiar com a presença de Ryoichi, o filho mais velho. O encontro faz velhas feridas ressurgirem, tornando o conflito inevitável. Exibido em Un Certain Regard no Festival de Cannes 2001.



Sinceramente, essa foi a sessão mais estranha que estive presente. Pessoas escarrando; outras simplesmente escutando musica no celular (detalhe: sem fone de ouvido); um tanto conversando o tempo todo, como se estivessem em um praça; um tanto trocando de lugar toda hora, como se em espinhos tivessem sentados... trash... Mas tudo bem, isso acontece quando se tem filmes de graça.... aff! as pessoas as vezes dão desespero...

Enfim, esse foi o segundo e último filme que vi na Mostra de Cinema Japonês. E ao encontrar um amigo cheguei a conclusão que nunca vou ser um cinéfilo... fato esse que eu não reclamo, pois duvido que vou um dia ao cinema pelo fotografia de fulano, a direção de sicrano ou as técnicas "unicas" de beltrano... Gosto mesmo é de uma boa história... de conflitos que me façam sair do cinema satisfeito de ter feito uma boa escolha....

Nesse caso Homem Andando Na Neve, fica no meio termo (para mim). Tecnicamente dois fatores me desagradaram: os cortes abruptos de uma cena para outra e a trilha sonora que dava a impressão de tirar a continuidade do filme. Fora isso, o começo do filme não anima, mas apartir do momento que os dramas de cada personagem são apresentados (e como um interfere diretamente no outro) é mais fácil se empolgar com a história.

Inicialmente não dei muita atenção ao pai - mas gostei do jeito dele - e foi muito fácil não gostar do filho mais novo (turrão e mandão) e quando o filho mais velho é apresentado também fica fácil simpatizar com ele. Mas no decorrer do filme esse grau de simpatia/antipatia muda contantemente de um personagem à outro.

Após a morte da mulher Nabuo, jura dois anos de castidade. Com o fim próximo desse prazo, ele passa a flertar (mesmo sem a coragem suficiente de levar o romance a sério) com a garota que trabalha na criação de salmões. (detalhe: para chegar até a garota, ele anda muuuito todos os diad pela a neve - taí o nome do filme).

Seu filho, Yasuo, mais novo além de aprender a profissão do pai é responsavel por cuidar do pai, enquanto o irmão passou os ultimos 12 anos fazendo "exatamente o que queria" na vida. Possui um temperamento dificil e tem problemas com a namorada por causa do seu jeito turrão. Além de querer ter a "coragem" do irmão para sair pelo mundo vivendo a vida que não teve enquanto ficou cuidando do pai.

Já o filho mais velho, Ryoichi, passou anos fora de casa, brigado com o pai, por causa do mal comportamento do mesmo em relação a mãe. Musico fracassado, falido e a namorada grávida.

São esses três perfis diferentes, que se reunem (mesmo a contragosto dos irmãos) no aniversário de morte da matriarca da família. Brigas, princípios de reconciliação e mudanças nos pensamentos e modo de ver a vida dos personagens marcam esse filme.

Não é um filme que agrada à todos... mas se você por acaso assisti-lo talvez se sentirá satisfeito (desde que assista até o final dos creditos).

Sim, o homem anda na neve. E é exatamente aí que se dá o seu "feito", já que o vilarejo em que vive no Japão fica coberto de neve seis meses por ano. Quem quiser fazer algo aparentemente tão simples quanto andar, tem que andar na neve. A alternativa (a escolha da maioria dessa vila quase sem habitantes) é ficar em casa no aconchego e na "segurança" dos ambientes aquecidos artificialmente. É aí também que se dá a metáfora do filme. Trata-se de uma escolha entre se fechar e ficar ensimesmado ou sair e se arricar na neve. "Homem que anda na neve" aborda um tema recorrente no mundo moderno: a incomunicabilidade entre os seres humanos. Qual é a nossa escolha? É o que nos pergunta o filme.
Comentário do site: MovieMobz
O comentário resume bem "moral" do filme. Mas me passagem predileta (que fez subir o meu conceito) foi quando o filho mais velho está indo embora e o pai lhe conta que a ultima coisa que a mãe disse antes de morrer foi que não deveria ter casado com ele; nesse instanten o filho responde: "Espero que você viva por muitos anos".
Sentença de morte para aqueles que agem impensadamente e são obrigados a colher os frutos de seus erros.

Comentários

  1. cara, penso exatamente como você no sentido de não assistir a um filme pela fotografia, pelo diretor ou pela produção (até porque não conheço as linguagens técnicas do cinema e nem sei identificar diferenças, a não ser que sejam muito gritantes)...

    os japoneses tem filmes peculiares, isso até da pra perceber... a cultura deles geralmente é mostrada, o que os tornam muito interessantes...

    enfim, anotado o filme! adicionado o blog aos favoritos do sessão ;)

    bjoo

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