Cheiro do Ralo

Lourenço é o personagem mais canalha dos últimos tempos, o mais grosseiro, sem-vergonha, inescrupuloso, f.d.p., cínico e o mais conquistador. Interpretado por Selton Mello, Lourenço é o protagonista de “O Cheiro do Ralo”, filme de Heitor Dhalia, que acaba de chegar aos cinemas curitibanos.

“O Cheiro do Ralo” é um filme original, diferente de tudo o que se tem produzido no Brasil, que parte de uma premissa quase absurda para construir toda a história. O tal cheiro do ralo é um personagem presente durante todo o tempo, ele enlouquece e abastece Lourenço, ele é o principal motivo dos diálogos, provoca um estresse que causa dependência, quase um mal necessário.

Na história, Lourenço é um homem que compra todo tipo de tranqueira que as pessoas queiram vender. Não todo o tipo, porque há coisas que não o interessam, ou muito pouco. Então, um jogo de talheres de prata pode valer 30 reais enquanto um olho de vidro vale 400. Lourenço compra uma infinidade de tralhas e nunca as vende.

O jogo de comprar objetos é a forma como o personagem domina as pessoas. Em determinado momento do filme ele confessa que seu trabalho exige que ele seja frio, que ofereça pouco dinheiro pelas preciosidades dos outros. Mas é o poder de poder comprar tudo é que o fascina. Ele pode pôr o valor que quer nas coisas e pagar por elas.

Seu poder só parece ser limitado quando ele encontra a “bunda imensa”. Uma bunda pela qual Lourenço se apaixona quando a vê pela primeira vez. Ele quer comprá-la, tê-la pra si como todos aqueles outros objetos. O apaixonamento não é pela mulher que possui o corpo avantajado, ele nem sabe seu nome, ou não pode pronunciá-lo. Vai à lanchonete em que a moça trabalha para esperar o momento em que ela abaixe para buscar o refrigerante.

Quando substituem a atendente, Lourenço nem repara, começa a falar com a nova moça como se fosse com a dona do “popozão”, até que é alertado sobre a confusão. Incerto, pede que a moça dê uma viradinha para ele ter certeza do que ela está falando. Quando ele confere que aquela não era a bunda desejada é que ele confirma a troca. Todas essas coisas que acontecem no filme são improváveis, diferentes e totalmente originais. Por isso o filme é tão genial. A comicidade surge de um cafajestismo inaceitável. A peculiaridade de cada vendedor de objetos torna o filme rico de personagens, cheios de trejeitos e maluquices.

Baseado na obra de Lourenço Mutarelli, que no filme interpreta o segurança do escritório de Lourenço (sim, o nome é mesmo uma homenagem), “O Cheiro do Ralo” foi feito com o dinheiro dos próprios realizadores. Ninguém quis investir num filme com esse nome, sobre um cara que compras coisas e é afixionado por uma bunda. Assim, Selton Mello, Heitor Dhalia, e os outros produtores juntaram suas economias e fizeram um filme com 315 mil reais (que era orçado em R$ 2,5 milhões).

O reconhecimento veio logo: no Festival do Rio 2006 (melhor ator para Selton Mello e prêmio especial do júri), na 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (prêmio de Melhor Filme) e Menção Honrosa do Júri Oficial para todo o elenco, do 2007 Sundance Filme Festival, entre outros. Quem for assistir ao filme deve concordar com os louros e sair feliz com uma produção nacional, barata, bem-feita e original (não me canso de repetir isso).
Milena Emilião




Sinceramente: um filme de Selton Melo!!! Simplesmente assista...

(particularmente eu quero é ler o livro... que se candidata a me dar de presente?)

EU já havia visto o filme na época que estreou. Mas tive a oportunidade de vê-lo esse ano na mostra Cine BH, a intenção era ver Feliz Natal, mas não deu certo. Sobre o festival não vou comentar agora (já tá meio tarde) espero que os tantos defeitos que teve não se repita em 2009... Ah e não posso esquecer que assistir o filme com o Selton Melo sentado na minha frente... o momento só não foi maior por que eu não tinha como tirar foto....aff!

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