A alma encantadora das ruas

Em A alma encantadora das ruas, de João do Rio, temos uma reunião de crônicas que enfocam os problemas sociais das classes baixas do Rio de Janeiro da primeira década do século XX.

Quanto ao gênero literário, apesar de os textos serem denominados “crônicas”, há características bastante nítidas de outro gênero textual: a “reportagem”.

Pode-se afirmar que se trata de crônicas porque são textos literários que foram estampados em jornais entre os anos de 1904 e 1907 que se prendem a fatos do mundo real e os reelaboram, esquivando-se, na medida do possível, do universo ficcional.

Aborda-se o modus vivendi dos miseráveis em detalhes mínimos. Assim, discorre-se sobre tatuadores, agentes funerários, vendedores de livros, cocheiros, músicos, entre outros. É intrigante o fato de que quando João do Rio publicou este livro, o Brasil [mais precisamente, o Rio de Janeiro] vivia, segundo as elites [e a História Oficial], uma “época de ouro” – consolidação da República e o início de um grande surto de industrialização – que foi convencionalmente chamada de Belle époque, entretanto, à medida que se vai lendo A alma encantadora das ruas, o retrato que se pinta à frente dos leitores é desesperador: mendigos, prostitutas, bêbados, drogados disputam palmo a palmo as ruas do Rio de Janeiro e as celas das prisões.

Em geral, as crônicas, ao longo do século XX, centram-se em um fato específico e tem um desenvolvimento bastante ligeiro. Ou seja, são textos relativamente curtos. As crônicas de João do Rio são monumentais: tem uma linha narrativa impecável e se prolongam em inúmeros exemplos referentes a um mesmo evento, o que faz com que eles se aproximem das reportagens que hoje temos publicadas em periódicos semanais [como Veja, Istoé, Carta capital].

resenha do blog do Jaguarouí.

[como esse é um livro que li para a UFMG, vou colocar a minha opinião geral apenas na resenha de "Meus Poemas Preferidos"]

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