Falando do bom e velho Departamento Pessoal

DEPARTAMENTO PESSOAL: qualquer semelhança com a minha realidade atual não passa de mera coincidência...

Ainda que com papel limitado e bastante burocrático, o surgimento do Departamento de Pessoal no Brasil permitiu o início da segregação e da centralização das atividades de recrutamento, seleção, remuneração e demissão. Não obstante, cabe observar que o DP era estruturado para fazer face a tarefas e requisitos legais que começavam a ser exigidos por legislação ou por práticas regulamentadas de gestão do trabalho. Nunca foi, portanto, uma área valorizada na empresa brasileira típica desse período. De certa forma, tal fato revela a posição do empresariado nacional da época em relação a seus empregados e deixa profundas marcas no arquétipo brasileiro da figura do DP legalista, secundário e pouco contributivo na estruturação e melhoria da gestão de pessoas em nossas organizações. Além de convergente com características do contexto nacional — como a pequena influência do humanismo nas nossas classes dominantes, a grande distância do poder na sociedade, o personalismo etc. —, a visão legalista e limitada do DP (que tanta influência teria depois no desenho da gestão de RH em nossas empresas) deriva de alguns elementos econômicos claros, como o estágio rudimentar de nossa industrialização e a existência de mão-de-obra abundante, que podia facilmente ser reposta uma vez que o processo de produção elementar não exigia treinamento especializado.

Texto:  Desenvolvimento Histórico do RH no Brasil e no mundo. - Maria Jose Tonelli; Beatriz Mari B. Lacombe; Miguel P. Caldas


Referência: BOOG. Gustavo G & Madalena (cood.). Manual de gestão de pessoas e equipes – volume 1. São Paulo, Gente, 2002.

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